Sabe-se que a leitura não é uma simples prática escolar, mas um processo desencadeado pela vontade ou necessidade do leitor em compreender textos.
Em conformidade com Andaló (2000, p.48):
Na verdade, o objetivo da escola sempre foi formar cidadãos capazes de “ler o mundo”, produzindo discursos orais ou escritos, adequados a diferentes situações enunciativas, compreendendo o que está escrito e o que está subtendido, numa leitura que consegue selecionar conteúdos, inferir interpretações e antecipar significados nos mais diferentes gêneros de textos.
Nesse sentido, para que a escola consiga transformar crianças em leitores competentes é preciso superar a concepção escolar da leitura como objeto de ensino. Aprender a ler subentende aprender a escrever, logo, ambas são atividades interligadas e complementares. Não se pode tratar a leitura como objeto isolado, pois tal procedimento não possibilitará a significativa apropriação do mundo da escrita.
Hoje se sabe que a escola deve considerar as condições de letramento da criança e, a partir daí, iniciar o processo de alfabetização. Nesse processo de apropriação da escrita, a criança sentirá a necessidade de compreender o que está escrito (leitura) e depois desejará escrever tendo em mente algum objetivo. Porém, muitas vezes, a escola nega o grau de letramento da criança, desconsiderando o que ela já sabe em relação aos usos sociais e as funções da escrita.
Desse modo, para melhorar as condições de qualidade nas práticas de leitura e escrita da escola, torna-se necessário um maior comprometimento do professor alfabetizador, no sentido de mostrar a estreita relação existente entre leitura e escrita. Schimitt (2002, p.16) trata dessa questão quando diz:
A sociedade exige, hoje, maior comprometimento e dinamicidade por parte do professor. É necessário que ele abrace a causa do conduzir à produção dos mais variados tipos de textos que povoam o cotidiano da sociedade. Abrace também, a causa do querer ouvir (ler) o que o outro (aluno) tem a dizer, pelo prazer de poder compartilhar de suas ideias e posicionamentos sobre determinadas situações ou assuntos. É indispensável que ele incentive os outros a ouvirem (lerem) o que o outro (aluno) tem a dizer, atribuindo dessa forma, ao texto a sua real função, a interação.
Além disso, a prática de leitura requer o interesse pelo texto e, para tanto, é necessário que o professor trabalhe com o aluno a ideia de que no processo de aprendizagem escolar, ele não poderá ler apenas o que lhe agrada.
Assim, somente quando saltarmos as barreiras escolares sobre concepções ultrapassadas de leitura e escrita é que iremos formar leitores realmente competentes.
Referências:
ANDALÓ, Adriane. Didática de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: alfabetização, letramento, produção de textos em busca da palavra- mundo. São Paulo: FTD, 2000.
SCHIMITT, Loiri M. C., OLIVEIRA, Esther G. Texto-Interação-Prazer. Presença pedagógica, v.08, nº 43, Jan./fev./2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário