Fazendo um pequeno retrospecto histórico da evolução do conceito de Educação de Adultos, no plano internacional e nacional, é possível constatar que a mesma sofreu mudanças de concepções conceituais, que muitas vezes, serviram para atender a objetivos políticos e econômicos das esferas governamentais. No entanto, podemos dizer que, historicamente, surgiram diversas concepções acerca da educação de jovens e adultos e, isso tem contribuído para a evolução do seu conceito.
Assim, até a segunda guerra mundial, no plano internacional, a educação popular era concebida como extensão da educação formal. Entretanto, com a I Conferência Internacional sobre a Educação de Adultos, realizada na Dinamarca em 1949, a educação de adultos é concebida como educação moral. O que segundo Gadotti (2000), se justificou pelo fato da escola não haver conseguido evitar a barbárie da guerra, por ela não ter dado conta de formar o homem para a paz. Por isso se fazia necessário uma educação “paralela”, fora da escola, cujo objetivo seria contribuir para o respeito aos direitos humanos e para a construção de uma paz duradoura, o que seria uma espécie de educação continuada para jovens adultos mesmo depois da escola.
Já a II Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em Montreal (1963), apresenta dois enfoques diferenciados para a educação de adultos: a educação de adultos compreendida como uma continuação da educação formal e permanente e, a educação de base ou comunitária.
Na III Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em Tókio (1972), a educação de adultos volta a ser entendida como extensão da escola formal, tendo por objetivo reintroduzir jovens e adultos analfabetos, no sistema formal de educação.
A IV Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em Paris (1985), se caracterizou pela pluralidade de conceitos. Conforme Gadotti (2000, p.34):
Foram discutidos muitos temas, entre eles: alfabetização de adultos, pós-alfabetização, educação rural, educação familiar, educação da mulher, educação em saúde e nutrição, educação cooperativa, educação vocacional, educação técnica. Dessa forma, a Conferência de Paris, “implodiu” o conceito de educação de adultos.
A Conferência Mundial sobre Educação para todos, realizada em Jomtien, Tailândia, em 1990, concebe a alfabetização de jovens e adultos como a primeira etapa da educação básica, consagrando a ideia de que a alfabetização não pode ser separada das necessidades básicas de aprendizagem.
A V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada no ano de 1997 em Hamburgo (Alemanha), apresentou-se diferentemente das conferências anteriores, pois, foi estruturada através de amplos processos de consultas, preparativos e em estratégia continuada. Assim, foram realizadas, inicialmente, conferências regionais, objetivando traçar as diretrizes e metas pretendidas para a educação de jovens e adultos no cenário mundial. Diante dos debates e discussões ocorridos na conferência, foram elaborados dois documentos que apresentavam as recomendações, diretrizes e metas para esse segmento: A Declaração de Hamburgo e a Agenda para o Futuro.
A elaboração desses documentos pautou-se no desenvolvimento centrado no ser humano, entendendo que a existência de uma sociedade participativa somente será alcançada quando for segmentada no respeito aos direitos humanos. Dentro desse contexto, a educação de adultos foi entendida como uma significativa colaboradora na construção de sujeitos participativos socialmente.
Quanto ao plano nacional, até a segunda guerra mundial, a educação de adultos foi integrada à chamada educação popular. No entanto, após a segunda guerra, seguindo as tendências mundiais, a educação de adultos foi concebida basicamente como independente da educação elementar, servindo, muitas vezes, a objetivos políticos populares.
Segundo Souza (1992, p.1), no contexto nacional atual a educação de adultos pode ser compreendida como:
Uma ação voltada à escolarização de jovens e adultos trabalhadores que ou não passaram por uma instituição de ensino (oficial ou extraoficial) em tempo hábil; ou tiveram experiências curtas, geralmente fracassadas, e não consideradas, e que não se alfabetizaram de todo. Também a entendemos como a política educacional proporcionada tanto pelo poder público, quanto pelos movimentos populares (entidades sindicais, instituições de ensino, órgãos consultivos e de pesquisa, associações coletivas, ONGs, etc.) a grupos de jovens e adultos trabalhadores pouco alfabetizados.
Nessa perspectiva, compreende-se que a educação de jovens e adultos se constitui numa modalidade de ensino que está a serviço de jovens e adultos que de alguma forma desejam iniciar seus estudos no âmbito da alfabetização ou retomá-los em nível fundamental ou médio, podendo essa modalidade de ensino ser ofertada tanto pelos poderes públicos quanto por entidades não governamentais.
Referências:
GADOTTI, Moacir, ROMÃO, E. José (org). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e propostas. 2.ed. Ver. – São Paulo, Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000;
SOUZA, Sandra Soares de. Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Natal, UFRN, 1992.
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