A influência histórica do inglês John Locke (1632-1704) costuma ser elencada em três grandes áreas: política, filosofia e educação. A grande e duradoura importância de Locke para a história do pensamento está no entrecruzamento dessas áreas de estudo.
Nesse sentido, no que se refere à Educação, compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo. Defensor da liberdade individual confere esse seu pensamento ao campo educacional, sugerindo um desenvolvimento próprio pela criança.
Suas investigações sobre o conhecimento o levaram a conceber um aprendizado coerente com a mais famosa afirmação: a mente é uma tabula rasa, expressão latina análoga à ideia de uma tela em branco. É por isso que, para Locke, o aprendizado depende primordialmente das informações e vivências às quais a criança é submetida e que ela absorve de modo relativamente previsível e passivo. Assim, defendia um aprendizado de fora para dentro, ao contrário do que defenderam alguns pensadores da linha idealista.
Os dois fundamentos iniciais de sua obra mais importante, Ensaio sobre o Entendimento Humano, são a negação da existência de ideias inatas e o princípio de que todas as ideias nascem da experiência. Assim, ao combater o inatismo, Locke se opunha às correntes de pensamento que encontravam no ser humano a ideia natural de Deus e noções de moral ou bondade intrínsecas. Acreditava que tudo isso só seria atingido apenas pela razão.
Para Locke, as crianças não são dotadas de motivação natural para a aprendizagem. Desse modo, acreditava ser necessário oferecer o conhecimento a elas de modo convidativo, sobretudo, mediante jogos. Ainda entendia que levá-las a pensar faria com que rompessem a dependência dos sentidos. Não era favorável a castigos, pois afirmava que seu uso poderia fazer com que as crianças se tornassem adultos frágeis e medrosos.
Síntese extraída da Revista Nova Escola. Compilação dos volumes 1 e 2 dos grandes pensadores. Ed. Especial, nº 25. Editora Abril. Julho 2009.
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