Sabe-se que ao longo da história da humanidade o jogo tem se destacado pelo seu valor socioeducativo, histórico e cultural, haja vista a sua inserção no processo ensino-aprendizagem das crianças pequenas, no contexto da sala de aula.
Estudiosos em Psicologia, Pedagogia e Psicopedagogia defendem a ideia de que o jogo, quando bem utilizado, favorece o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, por se tratar de uma atividade que permite a ação espontânea, criando, dessa forma, um ambiente significativo e acolhedor, na perspectiva de que elas podem, ao mesmo tempo, desenvolverem-se e aprenderem enquanto brincam, de maneira prazerosa e autônoma.
Neste entendimento, ressalta-se que o ser humano brinca desde a mais tenra idade, a partir do momento em que a criança pequena passa a manter contato com o objeto transicional. Este, segundo Winnicott (1995), permite à criança, num consentimento estratégico da mãe, tornar-se algo desse mundo de comunicação tônica profunda, para o mundo externo e vice-versa, realizando a ponte entre os sistemas involuntários e voluntários.
A esse respeito, Machado (2001, p.24) explica que:
Com objetos transacionais e o uso que a criança fará deles, surgirá um espaço potencial para que a fantasia e a realidade subjetivamente e objetivamente [...] se mesclem, se misturem, se sobreponham. Capaz de integrar criativamente esses dois mundos, a criança desenvolve o dom da imaginação, diferencia-se dos filhotes de outros animais e passa a viver suas principais experiências culturais.
Assim também acontece com o jogo, pois quando a criança pequena toca os objetos de jogar, simbolicamente, representa o brinquedo transicional na relação professor-aluno, onde através da mediação de uma pessoa mais experiente lança mão de estratégias didático-pedagógicas e sobrepõe aos objetos, movimentos rotativos com os quais mantêm uma estreita comunicação que lhe garante sobreviver a interpretar o mundo.
Segundo os estudos de Piaget (1990, p.35), “no momento em que o bebê já domina um esquema de ação e o repete simplesmente por uma espécie de prazer funcional, o lúdico vai surgindo para além do que podemos chamar de ditames da sobrevivência”.
Com apoio nos ensinamentos deste teórico, acredita-se que o lúdico vai acontecendo gradativamente, conforme o processo de maturação da criança.
Referências:
MACHADO, Marcondes Marina. O brinquedo sucata e a criança. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
PIAGET, Jean. Formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
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