Piaget faz uma descrição do jogo durante todo o processo de desenvolvimento da inteligência da criança, mostrando a importância dessa atividade lúdica no processo de desenvolvimento cognitivo, moral e social da mesma.
Na concepção de Piaget (1973), o jogo surge no período sensório-motor, de 0 a 2 anos, quando as ações da criança sobre os objetos acontecem por prazer. Nesse período ela utiliza esquemas já conhecidos, com a intenção de repetir a ação que lhe deu prazer. Apresentando seriedade e atenção em suas ações, ela acomoda e assimila a realidade à sua volta e vai, pouco a pouco, executando ações mentais, produzindo e reproduzindo esquemas que darão início às suas primeiras manifestações lúdicas que se transformam em jogos (jogos de exercício).
No estágio pré-operatório, de 2 a 7 anos, a criança já é capaz de reproduzir um esquema, realizando combinações mentais, e aplicá-lo simbolicamente a novos objetos. Nessa fase surge o símbolo lúdico, que se transforma em esquema simbólico, dando início ao faz-de-conta. É nesse estágio que surge o jogo simbólico, no qual a criança é capaz de utilizar um objeto como símbolo de outra coisa.
De acordo com Piaget (1990), o período pré-operatório é o período de preparação das operações lógico-matemáticas. Para ele, nesse estágio o pensamento da criança é pré-lógico e, portanto, não tem capacidade de reverter mentalmente uma ação. Seu pensamento é dominado pela percepção e, dessa forma, descreve somente o que vê.
Por volta dos 7-11 anos, acontece o período das operações concretas. Para Piaget (1990) esse período é marcado pelo início da cooperação e do raciocínio lógico. Nessa fase, tanto a linguagem se socializa, favorecendo relações interpessoais, como as explicações para os problemas se aproximam mais da realidade. No entanto, seu pensamento é limitado pelo mundo concreto. É nesse período que o jogo de regras se constitui como uma atividade do ser socializado, prolongando-se durante toda a sua vida.
Referências:
PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
_____. Formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
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