segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PENSAMENTO E PALAVRA



Na tentativa de elucidar a relação interior entre o pensamento e a palavra nos estágios mais primitivos do desenvolvimento humano, Vigotsky, investigou como se dá a construção do pensamento e da linguagem. Em seus estudos, ele constatou que não existe nenhuma relação e dependência definidas entre as raízes genéticas do pensamento e da palavra.

Segundo Vigotsky (2000), a palavra é uma unidade indecomponível dos processos do pensamento e da linguagem. Assim, não podemos dizer que ela é só um fenômeno da linguagem ou só um fenômeno do pensamento. A Palavra é fundamento da linguagem e do pensamento.

Para ele, “a palavra desprovida de significado não é palavra, é um som vazio. Logo, o significado é um traço construtivo indispensável da palavra. É a própria palavra vista no seu aspecto interior. Deste modo, parece que temos todo o fundamento para considerá-la como um fenômeno do discurso... do ponto de vista psicológico o significado da palavra não é senão uma generalização ou conceito e, toda generalização, toda formação de conceitos é o ato mais específico e mais indiscutível do pensamento. Consequentemente, estamos autorizados a considerar o significado da palavra como um fenômeno do pensamento”.

Nesse sentido, no entendimento de Vigotsky, “O significado da palavra só é um fenômeno do pensamento na medida em que o pensamento está relacionado à palavra e nela materializado, e vice-versa: é fenômeno do discurso apenas na medida em que o discurso está vinculado ao pensamento e focalizado por sua luz. É um fenômeno do pensamento discursivo ou da palavra consciente, é a unidade da palavra e do pensamento”.

Em outras palavras, podemos dizer que na compreensão de Vigotsky, pensamento e linguagem são dois elos distintos e se interligam, apenas, no momento em que: eu penso o que falo e falo o que penso. Ou, falei o que pensei e pensei o que falei.


Referência:

VIGOTSKY, Lev Semenovich. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. Ed. 1. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

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