terça-feira, 24 de janeiro de 2012

SÓ PARA REFLETIR!




Escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o autoconhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!

Pedro Bial

MOMENTO POÉTICO



DIA CINZA


Tem dias que a gente se sente só
Uma dor no peito
Uma angústia
Há tristeza pelo amigo que se foi.
E nos deixou


Dor pelo amor que foi embora
E nos abandonou
Saudades daquele que nos tratava bem
E se foi também.


Tem dias que a gente acorda se sentindo nada
O peito a se despedaçar.
Há uma vontade imensa de gritar
Ânsia de abraçar alguém
Mas a gente chora e se pergunta: Quem?


Tem dias que a gente busca um ombro amigo
Uma mão amiga a nos tocar
Tem dias que a gente procura apenas um sorriso
Um abraço
Alguém que nos estenda o seu olhar

  
É nesse dia tão cinza aqui comigo
Que desejo seu carinho
Pra que eu me encha de paz
Saber que posso contar contigo
Ter a certeza que és parte da minha vida
Poder contar com você em todos os dias
E dessa solidão me libertar.

Paula Belmino

NOTÍCIAS EDUCACIONAIS


Governo sério cumpre a Lei, não espera anúncio


A demora dos gestores estaduais e municipais em corrigir os vencimentos iniciais de carreira do magistério público da educação básica, à luz do piso salarial profissional nacional, não se justifica pelo fato de o MEC ainda não ter se pronunciado sobre o assunto. Na verdade, a atitude caracteriza o descumprimento de direito líquido e certo do magistério em ver atualizados seus vencimentos de carreira, a partir de janeiro de cada ano, e enseja a existência de categoria privilegiada na esfera do direito, o que é inconcebível diante do princípio de que ninguém pode escusar-se de cumprir a Lei alegando desconhecê-la.

Depois de terem sido derrotados no Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos têm se rebelado contra a decisão de mérito proferida na ADIn 4.167, que ordena o cumprimento integral e imediato da Lei 11.738, não obstante pender o julgamento dos embargos de declaração interpostos pelos autores da ação de inconstitucionalidade.

Enquanto milhares de cidadãos comuns são obrigados a cumprir as decisões da justiça, o que acontece com prefeitos e governadores que insistem em desrespeitar as deliberações judiciais? Isso é o que veremos a partir da greve nacional da educação!

Sobre a atualização do piso nacional, o art. 5º da Lei 11.738 claramente vincula o índice do PSPN ao mesmo que reajusta o valor mínimo do Fundeb, ano a ano. Em lugar algum se exige o pronunciamento de órgão federal, tendo sido esta uma opção adotada pelo MEC para tentar unificar o cumprimento da Lei.

Para o ano de 2012, conforme defende a CNTE, o piso deve ser de R$ 1.937,65. Contudo, desde 2010, a maior parte dos estados e municípios tem optado em seguir as recomendações do MEC, que para este ano indicam um crescimento de 22,22% sobre o valor de 2011, atingindo assim a cifra de R$ 1.450,75.

Para quem não tem cumprido as regras do Piso, a CNTE recomenda a seus sindicatos filiados que ingressem com ações judiciais para cobrar o imediato e integral cumprimento da Lei 11.738, com destaque para o passivo do piso - contrapondo as orientações do MEC - e para a aplicação do percentual de 1/3 da jornada de hora-atividade, conquistado recentemente na justiça pela Apeoesp e pela Fetems/MS.




MERCADANTE ASSUME MEC E MUDA CÚPULA


Novo ministro da Educação deve indicar novo presidente do Inep e de outros 3 cargos-chave
Apesar da mobilização de servidores pela sua permanência, a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, deve deixar o cargo com a posse, hoje, do novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O Inep é a autarquia do Ministério da Educação (MEC) que cuida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O MEC deve passar por outras mudanças, com as saídas dos secretários Eliezer Pacheco (Educação Profissional e Tecnológica), Maria do Pilar (Educação Básica) e Carlos Augusto Abicalil (Articulação com os Sistemas de Ensino). Os substitutos ficarão a critério de Mercadante.

O secretário da Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, continua na equipe, mas deve ser remanejado. Ele é cotado para assumir a presidência do Inep - que teve três presidentes nos últimos três anos. Outro nome cotado é o da diretora de avaliação da Educaçãosuperior do instituto, Cláudia Griboski.

Na sexta-feira passada, a Associação de Servidores do Inep entregou a um assessor de Mercadante uma carta em que "manifesta sua preocupação com a possibilidade de mais uma substituição da alta gestão comprometer a continuidade de todo o processo de oxigenação, reestruturação, fortalecimento e aprimoramento científico e metodológico das atividades do órgão".

Pesa contra Malvina o fato de não ser ligada politicamente ao PT. Uma hipotética substituição de Malvina por Luiz Cláudio Costa, cujo nome encontra resistência dentro do Inep, é vista mais como uma questão política.

Para os servidores, Malvina é um nome técnico que defendeu o instituto, tendo feito cobranças ao consórcio Cespe/Cesgranrio quanto à aplicação de provas, como o Enem. Mas o ministro Fernando Haddad (Educação) não teria se empenhado em garantir a permanência dela no cargo, ao contrário, por exemplo, do que fez pela manutenção do diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, José Carlos de Freitas.

Desafios
Para especialistas, ajustar a logística do Enem, melhorar a formação de professores e reduzir o gargalo do ensino médio são os principais desafios lançados ao novo ministro.

Conforme o Estado antecipou em dezembro, a presidente Dilma Rousseff pediu em conversas reservadas que Mercadante se dedicasse a solucionar os problemas do Enem e colocar de pé o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Para os educadores, no entanto, será preciso um olhar mais abrangente às deficiências no sistema de ensino brasileiro.

A sucessão de falhas envolvendo o Enem, que acabou de ter cancelada a edição programada para abril, é vista como o calcanhar de Aquiles da administração Haddad. "O Enem foi uma grande ideia má executada até agora, realizada com pressa", avalia o coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara.

Para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz, Mercadante "terá de resolver o Enem" e evitar a repetição de erros que, embora pontuais, atingem milhares de estudantes. Além disso, uma das grandes batalhas será garantir que os cursos de pedagogia e as licenciaturas ofereçam a ferramenta necessária para o professor atuar em sala de aula.

"Os professores em grande medida têm uma formação muito ruim no País, o que explica o fato de os alunos não aprenderem nas escolas", comenta.

A opinião é compartilhada pela educadora Maria Helena Guimarães, ex-presidente do Inep e ex-secretária estadual de Educação de São Paulo. "O MEC até aumentou a oferta de matrículas, mas não é esse o problema, e sim o currículo. Os cursos de formação estão descolados daquilo de que as escolas precisam."

Maria Helena critica a situação do ensino médio - apenas 28,9% dos estudantes chegam ao 3.º ano acima do nível considerado adequado em língua portuguesa e 11% em matemática. "Não faz sentido um mesmo ensino médio para um aluno que quer fazer pedagogia e para outro que pretende cursar engenharia", diz.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, diz que o MEC deve ser mais atuante. "Em questões como o piso salarial nacional, o governo deve ser mais incisivo na cobrança dessa lei por parte de Estados e municípios."


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

NOTÍCIAS EDUCACIONAIS




Para a CNTE, em 2012, o PSPN vale R$ 1.937,26
Fundeb é reajustado em 21,24% e cálculo do MEC prevê atualização do Piso em 22,22%


Em 29 de dezembro de 2011, o Ministério da Educação publicou a Portaria Interministerial nº 1.809 fixando o valor per capita de referência do Fundeb (anos iniciais do ensino fundamental urbano) em R$ 2.096,68 para o ano de 2012. Em comparação com o último valor vigente (R$ 1.729,28, anunciado pela Portaria nº 1.721, de 7/11/11), o reajuste do Fundeb equivale a 21,24%.

Vale registrar que a Portaria 1.809 determina um valor mínimo para o Fundeb acima do estimado em setembro de 2011, quando o projeto de lei orçamentária da União previu o crescimento em apenas 16,6%. Outra discrepância entre o projeto de orçamento e a referida Portaria diz respeito aos estados que receberão a complementação do Governo Federal. À época foi informado que Piauí e Rio Grande do Norte dariam lugar a Minas Gerais e Paraná, coisa que não ocorreu, ao menos nesse início de ano.

Com relação à atualização do piso salarial profissional nacional do magistério (PSPN), a CNTE lembra que a mobilização da categoria contra a rejeição do substitutivo do Senado ao PL 3.776/08, em âmbito da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, fez com que o preceito do art. 5º da Lei 11.738 continuasse a viger nos seguintes termos:

Art. 5o O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009.

Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007.

Com base nesta clara orientação legal, desde 2009 a CNTE tem corrigido, anualmente, o PSPN, de modo que, em 2012, a quantia equivale a R$ 1.937,26. Corrobora essa interpretação da norma do piso – contestada pela Advocacia Geral da União – o fato de o art. 15 da Lei 11.494 (abaixo, in verbis) estabelecer caráter prospectivo para o custo aluno – sistemática que também se aplica ao PSPN.

Art. 15. O Poder Executivo federal publicará, até 31 de dezembro de cada exercício, para vigência no exercício subseqüente (grifo nosso):

I - a estimativa da receita total dos Fundos;

II - a estimativa do valor da complementação da União;

III - a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbito do Distrito Federal e de cada Estado;

IV - o valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente.

Ademais, os recursos do Fundeb, para o ano que se segue, constituem a própria garantia de cumprimento do piso, uma vez que 60% do total do Fundo (no mínimo) e mais os outros impostos vinculados à educação garantem, proporcionalmente, as receitas necessárias ao pagamento do magistério – à luz do valor mínimo nacional, que poderá ser complementado pelo Governo Federal em caso de insuficiência nos orçamentos locais. Esse mecanismo expressa a garantia do padrão de investimento nacional, quiçá ainda maior com o compromisso de implementação do Custo Aluno Qualidade no novo Plano Nacional de Educação.

No entanto, a interpretação da AGU/MEC acerca do reajuste do piso, que considera o crescimento do valor mínimo do Fundeb dos dois últimos anos, ao contrário de períodos anteriores, projeta para 2012 um reajuste acima do valor mínimo do Fundeb (22,22%). Assim, a economia feita em exercícios passados, quando as atualizações ficaram abaixo do determinado em Lei, deverá ser compensada em parte no presente ano, passando o valor de R$ 1.187,00 para R$ 1.450,75 (equivalente à diferença das quantias publicadas nas portarias interministeriais nº 538-A, de 26/4/2010 e nº 1.721, de 7/11/11).

Neste momento, a luta da CNTE e de seus sindicatos filiados concentra-se em duas frentes: 1) garantir o cumprimento imediato e integral da Lei do Piso, ainda que necessário seja ingressar na justiça para obter o valor correto (defendido pela CNTE) e sua vinculação aos planos de carreira da categoria; e 2) garantir o anúncio do reajuste do piso para 2012, o que ainda não ocorreu, embora o Fundeb já tenha sido oficialmente divulgado.

Lembramos que o calendário de mobilização dos trabalhadores em educação já conta com GREVE NACIONAL na primeira quinzena de março de 2012 em defesa do Piso, da Carreira e do PNE que o Brasil quer, e esperamos contar com apoio de toda sociedade nessa luta legítima por valorização profissional de nossa categoria e, consequentemente, por uma educação pública de melhor qualidade.

Fonte: CNTE



Mínimo investido por ano em aluno do ensino público básico sobe para R$ 2.096


O valor mínimo investido pelos governos por aluno do ensino básico público por ano será de R$ 2.096,68 em 2012. O total, divulgado na semana passada pelo MEC (Ministério da Educação), é 21,24% maior que o de 2011, quando o investimento mínimo foi de R$ 1.722,05.

Esse valor é referente às séries iniciais do ensino fundamental de áreas urbanas e os Estados têm liberdade para investirem valores acima dele. Aqueles que não conseguem atingir este patamar recebem complementação do governo federal, por meio do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação).

Este ano, segundo a tabela publicada pelo MEC, recebem a ajuda da União Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Pernambuco. Segundo a memória da lei orçamentária apresentada em setembro ao Congresso, Minas Gerais e Paraná também iriam receber a complementação. No entanto, segundo Vander Borges, coordenador-geral de operacionalização do Fundeb, na época, haviam sido utilizados dados desatualizados. Os valores são determinados a partir do Censo Escolar. Ainda segundo Borges, a complementação de receitas chegará, em 2012, a R$ 9,4 bilhões.

Investimento por aluno

O valor investido por aluno já era considerado insuficiente para uma educação de qualidade em 2011. Cálculos do CAQi (Custo Aluno Qualidade Inicial), índice elaborado pela Campanha Nacional pelo feitos com base no PIB (Produto Interno Bruto), mostram que o valor no ano passado já deveria ser de, no mínimo, R$ 2.194,56.

Fonte: CNTE

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

NOTÍCIAS EDUCACIONAIS





PISO DE PROFESSOR É ÚLTIMO IMPASSE DO MINISTRO
Há resistências de estados e municípios contra reajuste de 22%


Sob pressão de governadores e prefeitos, o Ministério da Educação (MEC) ainda não anunciou o novo valor do piso salarial nacional dos professores da rede pública, que entra em vigor neste mês.

O reajuste enfrenta forte resistência de estados e municípios, que são contrários ao aumento de 22% previsto em lei e que elevará o piso nacional para R$1.450 mensais. Às vésperas de deixar o MEC para disputar a prefeitura de São Paulo, o ministro Fernando Haddad reuniu-se ontem com a presidente Dilma Rousseff em busca de uma saída.

O encontro no Planalto durou cerca de três horas e terminou sem anúncio oficial. Mas quem acompanhou a reunião diz que tudo caminha para que a atual fórmula de reajuste seja seguida, o que significará um aumento de 22%. Neste caso, o índice deverá ser anunciado nos próximos dias por Haddad. Ele deverá deixar o governo na segunda quinzena de janeiro.

O governo federal faz a interpretação da lei, e aponta o valor a ser adotado como piso nacional, mas cabe aos estados e municípios decidirem o índice do reajuste. A demora do MEC em anunciar um aumento previsto em lei é reveladora da resistência de estados e municípios.

A lei que instituiu o piso nacional dos professores do ensino básico prevê reajustes anuais, sempre em janeiro, com base na variação do valor mínimo por aluno do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Ocorre que, em 2008, o próprio governo enviou projeto de lei ao Congresso propondo mudar a fórmula.

O projeto atendia ao pleito dos estados e substituía o valor por aluno do Fundeb pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registrou elevação de 6,08% em 2011. Essa proposta esteve a ponto de ser aprovada em dezembro. Se isso tivesse acontecido, o aumento do piso seria de 6,08%.

Fonte: O Globo (RJ)



CURRÍCULO NACIONAL ÚNICO PRECISA DRIBLAR INCERTEZAS

Apesar do otimismo com a proposta, dúvidas sobre como e quem fará a escolha dos conteúdos são as principais preocupações de especialistas


O plano do Ministério da Educação (MEC) de elaborar um currículo nacional único para a Educação básica, anunciado no mês passado, despertou reações diversas por parte de pesquisadores e profissionais da área.

Em geral, a iniciativa é recebida com otimismo, mas o processo pelo qual esse currículo será definido e os mecanismos para torná-lo efetivo causam dúvidas e preocupações.

O Brasil já possui orientações para uma base curricular comum, mas os especialistas são unânimes ao afirmar que os documentos existentes são genéricos demais, causando uma grande variação nos conteúdos ensinados aos alunos em todo o país.

Nos últimos anos, o mais próximo ao que se chegou do atual plano foram os Parâmetros Curricu­­lares Nacionais (PCNs), criados em 1996, obrigatórios à rede pública e opcionais às escolas particulares. Suas diretrizes foram refeitas várias vezes, mas ainda assim não chegaram a indicar conteúdos.

“Eles falam de princípios, de áreas, mas são realmente muito gerais e não delimitam um mínimo a ser trabalhado”, afirma a coordenadora do curso de Pedagogia nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), Paulla Helena de Carvalho.

Modelo australiano é debatido no Brasil
Depois de dois anos de debates, a Austrália, país de extensão territorial semelhante à do Brasil e que também tem um sistema federativo, está na fase de implantação de um currículo nacional.

No final de novembro, Barry McGaw, uma das principais autoridades australianas na condução do processo por lá, esteve no Brasil para discutir o tema da unificação curricular junto a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação(MEC), Maria do Pillar Lacerda. Os dois estiveram presentes em um evento promovido pela Fundação Itaú Social.

Em 2008, os australianos criaram um conselho que reúne ministros de várias áreas para tratar especificamente do currículo nacional. Com o objetivo de não centralizar demais as decisões, foi definido que a presidência da entidade seria rotativa, de forma que até o ministro da Educação só a ocupa a cada nove anos.

Nos debates, optou-se por uma implantação curricular gradual, que teve início em 2011. As primeiras disciplinas a terem seus currículos unificados foram Inglês, Matemática, Ciências e História. Até 2013, outras matérias passarão pelo mesmo processo.

Divulgação
A divulgação desse currículo tornou-se prioridade. Foi criado um site dedicado especialmente à exposição e explicação de todo o conteúdo indicado, devidamente organizado por séries, com vasto material de apoio ao professor, incluindo exemplos de trabalhos escolares, recursos audiovisuais e um fórum onde os professores podem se comunicar (www.australiancurriculum.edu.au/)., explica McGaw.

Questionada sobre a viabilidade do modelo australiano no Brasil, a secretária Maria do Pillar elogiou as propostas, mas preferiu não se comprometer. “Há muito em que podemos nos inspirar. Há passos parecidos com o que pretendemos fazer, mas há também muitas diferenças históricas e culturais.”

Exames
Sem um norte comum, as redes estaduais, municipais e privada vêm definindo com plena autonomia os tópicos a serem trabalhados nas disciplinas de Português, Matemática e Ciências, por exemplo.

Mas o que parece ser um aspecto positivo de respeito à diversidade nacional tem consequências ruins aos estudantes, especialmente aos que participam de testes como o Exame Nacional do En­­sino Médio (Enem) e a Prova Brasil, nos quais são cobrados conteúdos que muitos alunos não chegaram a estudar.

“Esse é o lado bom da unificação curricular. Se os conteúdos forem obrigatórios para todos, as escolas não serão pegas de surpresa e os alunos não serão prejudicados”, comenta Paulla.

Para a professora, as principais questões nessa discussão são como os conteúdos ou as expectativas de aprendizagem serão definidos e quem será responsável por isso. “Na época dos PCNs, as ideias vieram prontas, faltou debate. Uma unificação curricular exige a participação de toda a sociedade, nem que seja de forma representativa”, enfatiza.

Professores
Os estudantes não seriam os únicos diretamente atingidos pela unificação. Segundo a professora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Evelise Portilho, a formação dos docentes precisa ser rediscutida. “O preparo dos nossos professores é bastante diferente de um estado para o outro e eles precisam ser formados com foco na aprendizagem dos alunos”, diz.

Ainda que não seja a orientação das redes de Educação pública, Evelise confirma que é frequente, na prática de muitos profissionais, a escolha do que será ensinado aos alunos com base no índice dos li­­vros didáticos. Sobre isso, ela alerta para o problema: “A gente se pergunta até que ponto não são as editoras que estão definindo o conteúdo para as crianças”.

A secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, levanta outro problema. “Nossos concursos pú­­blicos exigem que os futuros professores saibam tudo sobre legislação e teorias da Educação, mas ig­­noram as habilidades necessárias à prática em sala de aula”, la­­menta.

Para Cláudia, a única forma de qualquer nova diretriz funcionar de fato é persuadindo os profissionais de que determinado conteúdo é mesmo importante para os alunos. “Ninguém faz revolução na Educação sem os professores.”

Preferências locais e novos governos ampliam diferenças
Com a ausência de um currículo nacional, a prática de estados e municípios tem sido especificar gradualmente as expectativas de aprendizagem até chegar à sala de aula. A partir dos textos das diretrizes nacionais, cada estado cria as suas próprias metas e os municípios afunilam ainda mais esse processo, indicando os conteúdos ou delegando à escola essa tarefa. Como reflexo, os currículos ficam bastante diferentes.

A rede municipal de Curitiba, por exemplo, optou por princípios norteadores bastante específicos, como Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Educação pela Filosofia ou Gestão Democrática, que teoricamente permeiam todas as disciplinas. Já a prefeitura do Rio de Janeiro prioriza a praticidade na apresentação de suas orientações curriculares.

Em vez de longos textos explicativos, usa tabelas com sugestões de atividades, habilidades que devem ser adquiridas e explicita os conteúdos a serem trabalhados. Em São Paulo, a divisão das expectativas de aprendizagem é feita por eixos como Natureza e Sociedade ou Artes eEducação Física.

Alternância
Outro fator que provoca mudanças curriculares importantes dentro de um mesmo município ou estado são as sucessões no poder. Nas três prefeituras mencionadas, os programas curriculares foram reformulados pelas atuais gestões ou por aliados de gestões anteriores. Na rede estadual do Paraná, por exemplo, as expectativas de aprendizagem foram todas refeitas logo que o atual grupo político – opositor ao anterior – assumiu a gestão.

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

MOMENTO POÉTICO




O RETORNO


Estou pronto para voltar.
Quando de lá saí.
Não sabia o que me esperava.
E o cuidado da mão de Deus,
fez-se presente a cada dia.

Não me faltou pão ou abrigo.
Não me faltou o amigo.
Uma etapa termina e uma nova
Há de começar.

Deixarei para trás o quartinho
sem janela e tudo aquilo
que me ensinou muitas coisas.
a maior delas: descansar.

Volto para casa perto do mar.
Volto para o aconchego do
vento sul que faz o calor
se agasalhar.

Foram apenas alguns meses fora.
Meses em que a poesia as vezes
teve gosto de jurubeba.
Mas jurubeba é um alimento forte.

Quando parti, não sabia pra onde ia
e nem o que me esperava de fato.
Mas ao retornar, também o sentimento
é o mesmo, não sei o que me espera.

Espero os sorrisos de quem eu amo.
Espero os abraços de quem me espera.
Alguém me espera?
Bem... Não sei o que esperar.

Retorno, empurrado pela saudade.
Retorno com a certeza plena que
o melhor que fiz foi ter partido.
Foi curado o ferido.

Retorno, mas sem o menor receio
de que se necessário for,
parto novamente. Para onde?
Bom, quem sabe, para perto de ti.


WILLIAM VICENTE BORGES

QUE A INCLUSÃO VIRE ROTINA - CRÔNICA

  Que a inclusão vire rotina, para aqueles e aquelas que se consideram tímidos e por isso se sentem invisíveis na sala de aula. Que a incl...